
O Ikigai nosso de cada dia
Em japonês, “iki” é viver, “gai” é razão. Juntando os caracteres, forma o conceito Ikigai que significa “razão de ser e viver”, ou seja, aquilo que te faz saltar da cama todas as manhãs com alguma saudável coceira mental.
Seu objetivo é descobrir o que dá sentido à vida de uma pessoa e quais são suas aptidões para o trabalho. É uma mandala de quatro círculos que se sobrepõem parcialmente formando interseções que evidenciam características individuais.
Em cada quadrante, uma questão: o que você ama fazer, o que você é bom em fazer, o que você pode ser pago para fazer, o que é bom para o mundo.
Fiz o teste por curiosidade escrevendo as respostas ao lado de cada círculo. Deu a lógica.
Em todos os quadrantes, respondi Escrever.
No quadrante O que você ama fazer respondi Escrever e Viajar,
No quadrante O que (faço e que) é bom para o mundo, marquei Escrever, Viajar e Viver Melhor.
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A sabedoria contida no Ikigai resulta de fatores que já estão incorporados intuitivamente ao seu modo de ser. Ou que podem ser acrescentados ao seu cotidiano sem esforço.
Você já tem o seu Ikigai mesmo que não perceba. Você só precisa prestar um pouco de atenção em suas ações para aprimorar suas práticas.
São cinco os pilares que compõem o Ikigai.
Podem ser concomitantes ou não, não seguem uma ordem ou hierarquia e nunca são excludentes.
Passo 1 - Começar pequeno
Passo 2 - Libertar-se
Passo 3 - Harmonia e sustentabilidade
Passo 4 - A alegria das pequenas coisas
Passo 5 - Estar no aqui e agora
Lembre-se que tais conceitos podem assumir significados diferentes conforme a situação. Por exemplo, “começar pequeno” pode ser entendido como “levantar cedo”. “Levantar cedo” pode ser igual a “não procrastinar”, ou "sair da inércia".
O Ikigai está no reino das pequenas coisas. Como sorver uma xícara de café lentamente ou deliciar-se com um prato de macarrão bem preparado. Na beleza de um pôr-do-sol. Na conversa com amigos. No abraço de um neto.
Quando passei a alterar os textos das cartas comerciais no meu primeiro emprego, sem saber, estava agindo conforme o Ikigai: comecei pequeno, procurei harmonizar a estética, usei a liberdade para buscar novas palavras e fiquei feliz com o resultado (que ninguém percebeu).
Eu estava 100% presente.
Nas viagens a trabalho que fiz, foi o contrário. Não conheci as cidades visitadas porque não estava presente de corpo e alma. O foco estava no sucesso da missão. As pequenas coisas não me alegraram como deveriam e passaram despercebidas
Cinco passos para viver melhor
Pratico o meu Ikigai quando decido “levantar cedo” para “começar pequeno”. Mesmo que seja às 10 horas da manhã. Sinto-me livre quando as palavras começam a fluir com menos esforço, quando sou absorvido pela escrita e as horas importam menos. Procuro harmonizar as ideias para ser compreendido. Fico feliz quando (penso que) acerto.
Escrevo, reescrevo, elimino parágrafos inteiros, corto palavras, procuro outras mais claras, reescrevo novamente, penso enquanto escrevo, penso enquanto tomo banho, penso quando saio para caminhar, fico alegre quando tenho uma boa ideia e consigo colocá-la no papel.
Depois leio mais uma vez, conserto, pesquiso outras palavras e corrijo até achar que, por enquanto, é o melhor que posso fazer.
Amanhã, talvez “levante cedo” para mudar mais alguma coisa.
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Escrever é contar histórias, descrever paisagens humanas e da natureza, criar mundos fantásticos, dar narrativa aos fatos. É também comunicar, informar e, se puder, ensinar. É isso o que procuro fazer quando acordo com a tal coceira mental.
Em geral, sei o que quero fazer. Quando ainda não sei como fazer, fico em silêncio, ouço música suave, esperando acontecer um clique depois de algumas linhas experimentais e quase sempre inúteis. É uma tática manjada para “estar presente”, esvaziar a cabeça, enxotar a preguiça e a procrastinação.
Viajar é desbravar mundos reais, procurar novas perspectivas naqueles já conhecidos, compreender porque as pessoas fazem o que fazem, como vivem em comunidade, comem o que produzem, divertem-se entre si, como e por que acreditam no sagrado seguindo a fé herdada da ancestralidade.
É uma proposta instigante, você não acha?
As viagens podem ser reais (quando é você quem carrega e suporta o peso das malas) ou imaginárias (quando você abre um livro, vê um filme ou lê um texto na internet e descobre roupas limpas e bombons de chocolate dentro das malas trazidas por outros carregadores).
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A longevidade é um bônus que estamos recebendo atualmente. Não é um benefício universal porque apenas uma pequena parte da humanidade está usufruindo desse privilégio. Vivemos em um mundo muito desigual e injusto, onde a maioria é excluída e leva uma vida de sacrifícios que muitas vezes não conseguimos imaginar.
Se você está tendo alguns privilégios, não se culpe. Se você está saudável, tem vínculos afetivos e sociais fortes, mantém rotinas com autonomia e dispõe de recursos que garantes sua independência, celebre e viva intensamente.
Envelhecer é um processo irreversível que pode e deve ser desfrutado com alegria e liberdade. Exige criatividade para se reinventar quando o tempo estica os dias, as horas ficam lentas e os amigos mais raros.
A aposentadoria não significa o fim da linha, tampouco um liberou geral para a vagabundagem ou agenda vazia para o ócio nocivo. Dá pra inventar moda e dar início a uma nova etapa que, sabe-se lá, poderá ser breve ou longa. É viver pra crer!
A real é que precisa ser vivida em sua plenitude antes que o pavio apague.
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Foi pensando nessas coisas que Kathya e eu decidimos investir nosso tempo e economias em viagens. Decidimos carregar malas para incentivar outras pessoas 60+ a fazer o mesmo, porque entendemos que nesse grupo muitos precisam de alguma motivação extra. Os mais jovens são menos resistentes e mais ousados.
Decidimos também criar este blog para compartilhar nossas experiências com amigos e amigas que também querem, mas ainda não podem; querem, mas não agora; com aqueles que - como nós - adiaram seus projetos muitas vezes, mas nunca desistiram de correr o mundo.
A dica do Ikigai
Adotar como propósito e missão o que aprendemos na profissão, usar o talento que aperfeiçoamos desde a juventude para exercitar a nossa paixão pela escrita e pelas viagens.
Investir o tempo em causas que são boas e úteis para o mundo (agora, o de TODOS NÓS), levando uma vida agradável, produtiva, significativa e plena.
Arigatô!
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Longevivendo.com.br é para tudo isso e mais um pouco. Espero que você encontre aqui palavras de entusiasmo, incentivo para viajar e informação para refletir sobre essa etapa da nossa vida prateada.
Queremos ouvir e trocar ideias com viajantes que saíram na nossa frente, que já estão nos caminhos do mundo e têm muito a nos ensinar.
Queremos ouvir e trocar ideias também com aqueles que estão se preparando para a chegada do seu tempo prateado.
Queremos ouvir e trocar ideias também com aqueles que gostam de ler, escrever, falar de literatura e cultura em geral, e se preocupam com questões relacionadas às pessoas 60+. Ressaltamos que esse marco é apenas uma questão de foco, porém somos democráticos e inclusivos. Temos tempo, ouvidos e espaço para viajantes de todas as idades.
Embarque e venha viajar com a gente!
Um abraço afetuoso do Marcos e da Kathya