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Ver navios

  • 12 de ago. de 2024
  • 4 min de leitura

Atualizado: 27 de nov. de 2024

Gosto de fotografar barcos, veleiros, canoas. Também gosto de fotografar portas, fachadas e casas coloridas, texturas diversas, curvas, pedras, árvores, folhas soltas, animais sem donos. Grafites me interessam. Transeuntes anônimos também


Canoa atracada na praia de Santo Antonio de Lisboa - SC
Pequenas canoas e suas histórias de amor. Quem será Donatilia?

Nos últimos dias andei dando uma olhada nos álbuns digitais das minhas fotos para reavivar lembranças de pessoas e lugares que conheci. Percebi que alguns temas me encantam mais do que outros. Gosto de ver navios, por exemplo ( é muito diferente de “ficar a ver navios”, o que é sempre muito irritante).

Tenho várias fotos de veleiros, barcos, canoas, jangadas, chalanas, balsas e coisas assim. De navios, não encontrei nenhuma. Acho que são grandes demais, pesados demais. Nunca estive a bordo porque cruzeiros não me seduzem. 


É uma questão pessoal: mar demais, água por todo lado, lugares confinados, muita gente, tudo isso me assusta um pouco. Tenho amigos que adoram férias assim, se divertem pra caramba e contam histórias muito engraçadas de dias felizes. Não recuso seus convites, mas sempre saio de fininho pra não embarcar numa dessas. Titanic, nunca mais! 

Sei que a terapia poderia resolver minhas fobias, mas tenho assuntos mais urgentes para levar ao divã. 


Veleiros repousam nas águas mansas da baia à espera de marinheiros e novos ventos

Também gosto de fotografar portas, fachadas e casas coloridas, texturas diversas, curvas, pedras, árvores, folhas soltas, animais sem donos. Grafites me interessam. Transeuntes anônimos também. Creio que são as cores, as formas e a busca da estética que desejam acordar o arquiteto que dorme em mim sem ter tido oportunidade de ser.  


Um distrito, dois padroeiros


Santo Antônio de Lisboa é um distrito charmoso de Florianópolis que vale a pena conhecer. Insisto, vale muito a pena. Vou apelar: como a paisagem, a gastronomia é de babar.

Sua história começa em 1698, mas meio século depois, passou a ser denominada Freguesia de Nossa Senhora dos Necessitados da Praia Comprida, por ordem de Dom João V, rei de Portugal. 

Foi quando Florianópolis começou pra valer com a chegada de imigrantes portugueses, açorianos em maioria. Logo construíram a igreja que é considerada “uma das mais belas expressões do barroco no sul do Brasil”. 


Por interferência política, Santo Antônio ocupa o lugar principal do altar, colocando Nossa Senhora das Necessidades em segundo plano. A explicação histórica está na doação do terreno por uma devota do santo, herdeira do capitão que recebeu a sesmaria por bons serviços prestados à Coroa. Não sabemos se o santo providenciou algum casamento para a mulher que, a custo zero, doou o que o rei deu a seu pai. Acho que caridade com chapéu alheio não funciona, mas isso é lá com santo Antônio.

A Igreja de Nossa Senhora das Necessidades sempre teve os dois padroeiros. Conviviam bem, mas dois séculos depois o santo venceu a disputa e passou a ser nome oficial ao distrito. Ainda está no topo do altar, mas a santa não abriu mão do continuar dando seu nome à singela igrejinha barroca.


A energia que vem das cores

Veleiros ancorados na baia de Santo Antonio de Lisboa, distrito de Florianópolis - SC
Embora semelhantes, as imagens nunca são iguais. Mudam os barcos, mudam as cores, muda tudo.

O distrito é um lugar com alguma energia especial, talvez trazida pelo pôr-do-sol que pode ser apreciado entre o arvoredo nos deques à beira da baía ou em passeios pela praia. Há uma voltagem inexplicável que realça as cores no fim do dia.

Ao largo, avistam-se dezenas de veleiros coloridos em repouso, com suas velas arriadas, enquanto a luz dourada se esparrama sobre as águas, escurecendo o lado oposto das pedras arredondadas que emergem aqui e ali.  Ao longe, morros aparentemente intocados dão curvas ao horizonte, fazendo contraste com o azul do céu. A natureza tem seus caprichos.


Nas mesas do deque, servem-se mariscos e ostras frescas, lulas e peixes à moda da casa (ou ao gosto do freguês), vinhos brancos, tintos ou espumantes, drinques de várias colorações, cervejas geladas nacionais, importadas e artesanais. 

Tem comida e bebida para todos os gostos. Estamos na rota gastronômica do sol poente.



Em um domingo ensolarado de maio, estivemos por lá. O movimento de turistas era moderado, todos muito à vontade passeando pelas ruas quase silenciosas. O jogo de luzes estava escandaloso. Muitos casais maduros, namorados em período de experiência, pais e filhos em plena ação. 

Os moradores circulavam pela feirinha de artesanato exibindo suas obras, conversando com todo mundo, e enquanto vendiam, davam dicas de onde deveríamos ir (ou não ir), todos sugerindo apreciar a gastronomia local, alguns recomendaram ir à Casa Açoriana conhecer a cultura d'Além-mar, aos bares e restaurantes provar petiscos da mesma origem, fazer uma oração milagrosa na igreja daqueles dois, ver o casario antigo bem conservado, e se houver tempo, aproveitar para curtir o passeio pela orla até Sambaqui (happy-hour + pôr-do-sol + praia = espetáculo 3 x 1 inadiável). É perto, uma caminhada de 3 ou 4 quilômetros com os pés na areia, pisando na espuma das marolinhas.


Quando veio o cansaço, procuramos socorro em um bar onde muitos chegaram antes de nós. Logo estávamos sentados no meio de todos olhando o vaivém do mar. Eu adoro ficar assim vendo navios, deixando o pensamento navegar à toa. Essa calmaria pacifica a alma.

Se for ao cair da tarde, é ainda melhor. Tomar uma cerveja gelada acompanhada de uma porção de ostras ou manjubas, jogando conversa fora, dá vontade de esperar a lua chegar sem qualquer pressa. Kathya e eu fizemos isso. Não demorou para a lua cheia aparecer para nos fazer companhia.

Nem precisava tanto, mas foi um domingo inesquecível.



Testados e aprovados


Villa do Porto -Restaurante e bar / deque

Rua 15 de Novembro, 123

Telefone (48) 3234-1000


Lisboa 48 - Bar e restaurante / deque

Rua 15 de Novembro, 171

Telefone (48) 3037 4378


Restaurante Sambaqui

Mesas externas

Rod. Rafael da Rocha Pires, 2861 - Sambaqui

Telefone: (48) 3335-0398

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O propósito deste blog é dialogar sobre viagens, turismo, cultura, longevidade, economia e bem-viver com quem faz parte da Geração Prateada ou está quase chegando lá. Temos a sorte e o privilégio de sermos a primeira geração na história da humanidade que tem sua longevidade ampliada. Precisamos estar preparados para desfrutar a maturidade em sua plenitude e celebrar essa conquista todos os dias. Longevivendo acredita que viajar é uma das formas mais saudáveis para viver mais e melhor!

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