A melhor distância não é uma reta
- 18 de jan. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 9 de abr. de 2024
A Estrada da Graciosa faz juz ao nome. É um caminho para andar devagar e apreciar a natureza exuberante
A antiga trilha do século 18 que levava e trazia mercadorias dos portos do litoral até a capital da província, ainda é um local aprazível para turistas e uma parada obrigatória para viajantes
A menor distância entre dois pontos é uma reta, segundo a Geometria Euclidiana.
Não temos porque duvidar de Euclides, o maior matemático grego e “pai da Geometria”.
O conceito é ótimo para planejar a sua viagem, mas não deve ser uma regra absoluta porque a melhor distância nem sempre é uma reta.
Alguns desvios valem muito a pena.
Já escrevi que atualmente praticamos o turismo lento, fazendo do tempo um companheiro de viagem. Buscamos menos badalação e consumo e mais pontos de recarga para nossas energias.
A distância entre São Paulo e Florianópolis pelo caminho tradicional (via Curitiba/Blumenau) é de 710 km. Fazendo o desvio por Morretes/Guaratuba/Joinville, aumenta 40 km, ou seja, quase nada.
A Estrada da Graciosa faz juz ao nome. É um caminho para andar devagar e apreciar a natureza exuberante.
Descendo (ou subindo) a Serra do Mar passa sinuosamente por uma parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, como reconheceu a Unesco.
São 28 km de curvas acentuadas e paisagens maravilhosas, alternando asfalto e paralelepípedos em bom estado. No entanto, por ser uma estrada estreita e de mão dupla, exige bastante atenção do motorista.
O caminho é cercado por milhões de árvores e plantas de todos os tamanhos e espécies típicas do bioma. É um recorte do que foi a Mata Atlântica, hoje reduzida a 12,4% da sua formação original.
No local existem dois parques estaduais, diversos mirantes e recantos para descanso, com quiosques, banheiros, churrasqueiras, mesas, bancos e gramados com espaços apropriados para esticar as pernas dos viajantes.
Para ficar na vibe e respirar o ar fresco da serra, pare em um desses recantos para provar os deliciosos pastéis e o caldo de cana da hora. É uma das atrações mais conhecidas do passeio, mas existem opções.
Os quiosques estão situados estrategicamente para que possamos apreciar a paisagem e relaxar depois de algumas horas ao volante.
Faça uma pausa para encher os olhos com o verde florestal e renovar os pulmões com o ar puro da serra. Sinta o cheiro da mata umedecida pelo vento que vem do Atlântico, ouça os pássaros e as cachoeiras que despencam em grotas quase secretas. Observe as palmeiras, pinheiros, bromélias e orquídeas visitadas por milhares de borboletas de todas as cores. Se você passar por lá na primavera ou verão, verá o espetáculo das hortências floridas à beira da estrada. É um raro charme!
É quase uma overdose de natureza e tranquilidade. Se der vontade, medite sobre o privilégio de estar ali, mesmo que seja por pouco tempo.
Nos finais de semana, a serra fica mais movimentada. Aparecem muitos turistas, a maioria curitibanos. Há um incessante sobe-e-desce de bicicletas, motos e automóveis que desafiam as ladeiras íngremes da Graciosa curtindo paisagens que se revelam em cada curva.
A antiga trilha do século 18 ainda é um local muito aprazível, onde turistas de longe ou de perto, ou simples viajantes como nós, fazem uma pausa para recarregar as baterias para continuar a jornada ou começar uma nova semana.
Se puder, indo ou vindo pela região, desvie-se e descubra uma estrada-jardim. A sua viagem será mais emocionante e inesquecível porque não exite nada igual.
Podem ser parecidas, bonitas, charmosas, mas nunca serão tão graciosas.
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